Há poucos investimentos certeiros neste clima econômico caótico, mas em nível nacional a educação tem mostrado valer a pena. Como houve uma pressão sobre o orçamento da educação nos Estados Unidos, comum em épocas de aperto econômico, foi publicado um novo relatório que mostra os grandes benefícios de até mesmo pequenos investimentos na educação infantil em todo o mundo.
Para cada dólar investido na promoção de inscrição pré-escolar para as populações dos países de média e baixa renda, há um retorno de cerca de 6,40 dólares a 17,60 dólares, segundo uma nova análise publicada em 22 de setembro no The Lancet. "A primeira infância é o período mais eficaz e rentável para garantir que as crianças desenvolvam todo seu potencial", observaram os autores, liderados por Patrice Engle, da California Polytechnic State University. "Os retornos sobre o investimento no desenvolvimento da primeira infância são substanciais."
Pesquisas anteriores mostraram semelhantes resultados no custo-benefício também nos Estados Unidos. Segundo um estudo publicado em Chicago no início deste ano, cada dólar investido em educação na primeira infância retornou cerca de 11 dólares durante a vida da criança, que teve mais ganhos, gerou menos encargos ao sistema público e no sistema de justiça do país.
Se apenas um quarto das crianças dos 73 países de média e baixa renda participarem de um ano de pré-escola, serão gerados 10,6 bilhões dólares, graças ao aumento potencial e à capacidade de ganho dessas crianças quando se tornarem adultas.
O efeito dessa escolaridade extra pode ser sentida por gerações. A pré-escola tem se mostrado um estímulo para aumentar a frequência e o aproveitamento escolar dos alunos nos momentos seguintes da vida. E "por sua vez, as crianças que permanecem e obtêm sucesso na escola são mais propensas a ter rendas mais altas como adultos. Além disso, acabam providenciando uma melhor nutrição, cuidados de saúde, estimulação e oportunidades educacionais para os seus próprios filhos", escreveu Anthony Lake, diretor executivo da Unicef, em um ensaio na mesma edição da The Lancet.
Esse tipo de efeito também poderia ajudar a reduzir as disparidades econômicas entre países ricos e pobres - e seus indivíduos. Mesmo dentro de um mesmo país, as crianças da faixa de renda mais baixa já têm menos da metade da probabilidade de ir à pré-escola. "Se os governos não alocarem mais recursos para programas de desenvolvimento da qualidade na primeira infância para as camadas mais pobres da população, as disparidades econômicas continuarão aumentando", ressaltam Engle e seus colegas.
A pré-escola é apenas um aspecto do desenvolvimento da primeira infância que, juntamente com uma boa alimentação e com um ambiente seguro e estimulante, forma os componentes cruciais para o sucesso e progresso saudável das crianças. Com tamanha recompensa e relativa facilidade de expansão de programas como a escola – em oposição ao que acontece na garantia de uma nutrição adequada e cuidados em casa –, países de todas as faixas de renda poderiam aumentar as matrículas para crianças com idade inferior a 5 anos, agora também como forma de melhorar as chances de fortalecimento econômico no futuro.
Nenhum comentário:
Postar um comentário