terça-feira, 17 de setembro de 2013

Entenda a crise no Egito


O movimento revolucionário que agitou o Egito em 2011 se desdobrou de forma espontânea e sem ligação com grupos políticos. A população tomaram as ruas com objetivo de por fim ao regime autoritário de Hosni Mubarak, há 29 anos no poder. O movimento chamado de “Ruas árabes” gerou preocupação no cenário econômico internacional.



Hosni Mubarak. Deposto em 2011 após 29 anos no poder
Todo ano o Egito recebe dos americanos US$ 2 bilhões de recursos anuais destinados à ajuda econômica e militar. Assim como Israel, a terra dos faraós é ponto de apoio estratégico de Washington tanto no norte da África quanto no Oriente médio. Há muitos anos os EUA buscavam do Egito uma abertura econômica e política em correspondência ao apoio financeiro. O problema é que Mubarak percorria caminhos opostos com o seu governo cada vez mais repressor e fechado.

A chegada de Mubarack no poder em 1981 explica os caminhos adversos percorridos por ele ao longo dos anos. Naquela época ele ocupava a vice-presidência até o assassinato do então presidente Anwar Sadat, morto por fundamentalista islâmicos dois anos após assinar o polêmico acordo de paz com Israel.

As ações dos fundamentalistas foram duramente reprimidas por Mubarak, especialmente nos anos 90 após um atentado que matou 50 turistas estrangeiros. Com o passar do tempo aumentava-se cada vez mais a truculência das forças de segurança que reprimiam qualquer dissidência e manifestação.


A nova onda de protestos


O movimento “Ruas Árabes” foi visto com euforia por boa parte da população que sonhavam melhorias sociais e econômicas.  E finalmente, após 30 anos, o antigo presidente foi deposto e no seu lugar veio ao poder Mohammed Morsi, que prometia grandes mudanças na sociedade egípcia. Morse prometeu governar para todos os egípcios. Mas a promessa não foi cumprida.

Mohammed Morsi. Presidente membro da irmandade mulçumana
A saída de Mubarak atiçou o choque de interesses de dois grupos importantes: a Irmandade Mulçumana e os militares. A Irmandade Mulçumana tem como representante o presidente Morsi. Desde a década de 80, o grupo tem o objetivo de chegar ao poder objetivando criar um país mais islâmico. Mas, ainda que o Egito seja um país que proferem as palavras do islamismo, isso não quer dizer que toda população compartilham os rigorosos pensamentos da irmandade. 

Além disso, a falta de competência levou o presidente ao não cumprimento das promessas realizadas, sobretudo quanto à recuperação da economia do Egito. O resultado se desenhou na segunda saída do povo egípcio às ruas, em julho de 2013.  Desta vez, o movimento atiçou os olhos dos militares, o segundo grupo interessado em conquistar a força política no país, que queria a derrubada de Morsi, o quanto antes.

O apoio militar bem que poderia ser de grande ajuda a grande demanda de pessoas que sonham com um país mais democrático. Infelizmente, as forças de segurança egípcia vêm reestabelecendo um regime autoritário repressor e violento. Com a derrubada de Morsi e com o estabelecimento do governo militar, o sonho da construção de uma nação democrática no Egito está cada vez mais distante. 


Por Bruno Cardoso S. M. Silva

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